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BIOGRAFIA

 

Marlene Silva foi coreógrafa, dançarina, pioneira da dança afro, militante do movimento negro, pesquisadora e professora de teoria musical, a Dama da Dança Afro-brasileira. É mineira, nasceu em Belo Horizonte, em de junho de 1937, e ao longo dos 83 anos de vida construiu um grande legado artístico e social.

 

Suas origens estão no bairro Concórdia, zona leste da capital Belo Horizonte. Viveu sua infância com a avó, parteira na região. Sua mãe, cabeleireira, se mudou para o Rio de Janeiro em busca de sucesso profissional para proporcionar uma vida melhor para a filha.

Tempos depois retornou a Belo Horizonte para buscar a filha.  Assim, aos 10 anos, Marlene se mudou para o Rio de Janeiro com a mãe. Morou em áreas nobre,  frequentou escolas formais e escolas de artes da elite carioca. Fez aulas de balé clássico e música. Se formou no Instituto Nacional de Música em teoria musical e licenciatura em acordeon. Foi aluna do acordeonista e compositor brasileiro Mário Mascarenhas. Cantora e multiinstrumentista que foi, tocava acordeon e trombone. 

O encantamento com as artes surgiu ainda na infância, quando ela via as manifestações culturais típicas do Brasil, como o maracatu e o frevo. Os olhos da pequena brilhavam ao ouvir e ver artes do folclore nacional. No entanto, nenhuma escola da época ensinava as artes populares.

Marlene foi uma criança negra que frequentou espaços elitistas e sofria repetidamente com o racismo, o que a motivou a reduzir o contato com a cultura erudita e mergulhar nas pesquisas sobre cultura popular.   Ainda na adolescência, sua mãe faleceu e Marlene permaneceu no Rio de Janeiro aos cuidados de uma tia. Começou a desbravar o mundo das artes populares e conheceu Mercedes Batista em uma apresentação de danças e cultura popular no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 

Os seus primeiros passos nas danças populares foram na companhia de dança de Mercedes Batista com a coreografia Cafezal. Entrou oficialmente para a Cia de Dança e participou de turnês na Europa em países como França e Portugal. Também participou em turnê em países da América do Sul como Argentina.

Ao retornar de uma das turnês despertou o desejo de realizar trabalhos autorais e aos poucos foi repassando suas funções nos trabalhos com Mercedes Batista.

 

Em 1974 realizou um grande efeito ao participar do movimento Cinema Novo Brasileiro. Coreografou Zezé Motta e o grupo de figurantes para o filme Xica da Silva do diretor Cacá Diegues.    

Após 15 anos atuando como bailarina e assistente de Mercedes Batista começou sua carreira solo, em 1976. Desenvolveu sua técnica e vasto repertório autoral de coreografias de dança afro. A técnica desenvolvida por Marlene é composta pelas heranças culturais da população negra e da população indigenas. Sua coreografias tem como base princípios de movimentos das danças populares negra e indígenas do norte (boi bumbá), do nordeste (frevo) e do sudeste (congado).

Retornou para Minas Gerais com o objetivo de implantar a cultura afro na cidade através da dança. Foram anos de trabalho até que em 1980 abriu sua primeira academia, o Espaço de Dança e Cultura Brasileira Marlene Silva onde também  ensaiava a sua companhia de dança, a Cia Dançarte. 

Marlene se fixou na cidade, formou vários dançarinos, realizou audições e criou grandes espetáculos. A diretora e coreógrafa tinha como principal objetivo promover a circulação de seus espetáculos nos grandes teatros de Minas Gerais e no Brasil.  Dentre as obras de Marlene Silva estão os espetáculos Kizomba, uma opera contruida com o corpo de baile diverso e o Coral Negro Família Alcantara. Um espetáculo de grandes proporções com aproximadamente 100 pessoas em cena.

Marlene Silva dedicou sua vida às artes investindo recursos próprios e patrimônios para a criação e apresentação de seus espetáculos. Formou dezenas de dançarinos em todas as regiões do país. Estes atuam no país e também no exterior. Muitos continuam transmitindo os ensinamentos artísticos de Marlene Silva por onde passam. 

A Dama da Dança afro faleceu em 13 de abril de 2020, aos 83 anos, no Rio de Janeiro, vítima de covid-19. Deixou 5 filhos, netos e centenas de bailarinos que também considerava como filhos e um imenso legado cultural.

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